O ARTISTA

Nascido em 1977, em Minas Gerais – Brasil, na cidade de Pará de Minas, Geraldo Lacerdine concebe a arte como uma força transformadora, por isso seu trabalho sempre esteve relacionado a questões de caráter e relevância sociais, no embate contra a exclusão, o preconceito, a discriminação e a exploração cultural e intelectual.

Desde o princípio de sua produção artística, sentia curiosidade filosófica em relação à arte: a materialização da ideia por meio da obra de arte e sua potência transformadora da realidade humana. Por esse motivo, decidiu ampliar sua formação acadêmica para que sua arte abarcasse as grandes questões que o impulsionavam a criar.

Em 2002, iniciou a graduação em Filosofia, especializando-se em Filosofia da arte e no filósofo existencialista Martin Heidegger, com o ensaio A origem da obra de arte.

Aprofundando seus estudos filosóficos, desenvolveu, em 2004, um projeto de pesquisa relacionado à sociologia e à arte, cujo cerne é o processo de exclusão e de violência contra a mulher brasileira. A investigação consistiu em um levantamento minucioso, por meio de entrevistas presenciais com mulheres em situação de vulnerabilidade, para analisar a mulher como base de irradiação de cultura, ou seja, aquela que transmite a vivência existencial para a prole, seja esse legado bom ou ruim. O resultado dessa pesquisa originou a exposição de arte Meninas do Brasil, nove anos depois, com a promessa de dar voz a todas as mulheres entrevistadas no projeto. Na exposição, suas narrativas de vida foram transformadas em pinturas e literatura e lidas, emocionadamente, por várias pessoas.

Em 2005, Lacerdine decidiu fazer uma inserção social com povos indígenas na Amazônia peruana, em busca do real sentido para a existência e para o seu fazer arte. Nesse tempo, entrou em perfeita sintonia com a natureza e vivenciou as dificuldades enfrentadas por aquele povo. Teve a oportunidade de desenvolver um longo estudo sobre o seu intuito de fazer arte e seu próprio traço identitário na arte contemporânea. O fruto dessa experiência foi o amadurecimento de sua personalidade artística, marcada pelo traço intenso e afetuoso que o caracteriza, e a certeza de que sua produção artística está relacionada à sua existência primordial e às grandes questões humanitárias.

Os processos posteriores foram de muitos estudos e produções ligados a seu âmago: a arte inclusiva e sua potência transformadora da realidade humana.

O ano de 2007 foi de muitas transformações, em que o artista mergulhou em estudos teológicos por sua ávida busca pelo sentido de todas as coisas. Sem sombra de dúvida, a teologia o amadureceu ainda mais em uma perspectiva nunca experimentada.

De certo modo, sua espiritualidade foi se aprofundando na mesma medida em que suas críticas sobre as incompatibilidades religiosas se intensificavam. Descortinava-se em sua existência uma profundidade em relação ao sagrado que se refletiria na arte produzida posteriormente em sua especialização em iconografia ortodoxa.

Percebeu com alegria que a verdadeira espiritualidade abre as portas do respeito em relação às outras denominações e que, para o objeto de fé de cada uma, requer-se reverência e resiliência ao mistério apresentado.

Em 2015, começou a desenvolver o conceito de uma nova exposição, Sagrado Primitivo: o intermédio de dois mundos. Por meio de estudos comparativos sobre as iconografias ortodoxas grega e russa com as pinturas cristãs ocidentais dos últimos tempos, conscientizou-se da ausência histórica de figuras e formas que deveriam ser incluídas na manifestação sacra contemporânea. Negros, mulheres, pobres, idosos e indígenas, que foram negligenciados não somente no plano da figuração, mas também no plano conceitual da produção artística, são retratados na exposição, inaugurada em 2017. Por meio dela, Lacerdine rompe com o preconceito em suas diversas formas e inaugura a questão inclusiva na arte sacra contemporânea.

Em 2018, o artista mergulha em suas raízes mineiras trazendo, para uma nova exposição, A Vila do Sino, o contexto de sua infância em uma pequena vila no interior do Brasil, onde as tristezas e as alegrias de um povo são experimentadas com cores e poesia.

Conjugando beleza e delicadeza, em 2019, a mostra O que os olhos veem entrou em cartaz em São Paulo. Com a intenção de resgatar a dignidade e a mediação do olhar, bem como tematizar as variadas formas de ver o mundo, na contemplação e na extensão do tempo da existência, Lacerdine impulsiona uma nova maneira de ver por meio da obra de arte.

Em função da pandemia de covid-19, em 2020 e 2021, com várias exposições nacionais e internacionais canceladas por causa das medidas sanitárias, o artista se dedicou a três projetos ainda em fase de construção: 1) publicação do livro Reflexões sobre o racismo estrutural (Vidas negras importam ), uma parceria com diversos autores relacionados ao estudo do tema no Brasil. Cada artigo do livro é baseado em uma obra de Lacerdine que aborda o racismo, desse projeto originou-se a exposição Ditos do corpo, uma reflexão sobre as marcas históricas do povo negro. Toda a mostra era pretexto para reparação histórica e efetiva dos negros no Brasil; 2) Madonas, uma exposição construída com base em uma reflexão teológica profunda sobre a maternidade; 3) publicação de livro ilustrado para crianças, Sobre pessoas e bichos.

Acreditar que a existência humana pode ser expandida por meio da obra de arte, que tem um potencial transformador e inclusivo, é o que faz Lacerdine criar e estudar incessantemente, pois, quanto mais expandidos, mais empatia teremos com as diferenças ao nosso redor; mais tolerância e menos violência promoveremos; expressando mais leveza no viver e mais asas para voar e sonhar com um mundo melhor, com menos medos, mais coragem de lutar pelos outros.

Esse é o universo de Lacerdine, um lugar onde a realidade não é estática, mas dinâmica e passível de beleza, transformação e inclusão!

Sejam bem-vindos.

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