EXPOSIÇÃO

LÁGRIMAS NO SERTÃO

A Via Sacra Nordestina  é uma homenagem ao povo da comunidade de Rio das Pedras por meio da linguagem própria de suas buscas internas, suas tradições e sua fé.  Os 15 quadros da Via Sacra narram a trajetória de Nosso Senhor Jesus Cristo rumo à ressurreição mesclando-a com a história dos retirantes nordestinos em busca da felicidade (Páscoa). 

Toda a cena da via cruzes é ambientada no sertão nordestino. O povo acompanha todo o processo de condenação, morte e ressureição de Jesus Cristo, com lágrimas e devoção, debaixo de um céu ora azul como o mar, ora estrelado e negro como a noite.  O nosso Senhor é pintado com as cores e formas do nordeste do Brasil.  As cenas de cada estação emocionam pela intensidade dramática dos acontecimentos e surpreendem por apresentar ângulos diferenciados da famosa via cruzes. 

Cada quadro tem seu conteúdo e sintonia com os demais, formando um conjunto compacto da obra do artista.  Com cores fortes e figuras humanas bem definidas, Geraldo Lacerdine expressa a profundidade de sua perspectiva social da arte. Um apelo constante à justiça e à igualdade em um mundo tão desigual. O clamor deste trabalho é por fé, paz e justiça e oportunidades de direitos tão importantes para o desenvolvimento de um povo. 

O painel da ressurreição, de 2,90X5,20, é a expressão do Cristo vivo no meio de seu povo. Com o coração aberto e as marcas das chagas, revela-se como salvador da história e face plena do Pai. Ele é, ao mesmo tempo, divino e humano e mostra aos seus o melhor do ser humano em sua dignidade , justiça e paz.

I Estação – A condenação do Justo

Sozinho, diante de sua dor maior: a rejeição do amor. O Mestre chora pelo que virá. Não são lágrimas de medo, são lágrimas de tristeza… Ele veio oferecer o amor e os homens preferiram a violência. 

II Estação – O peso da cruz

Jesus toma a sua cruz aos ombros, cruz de tantos sofredores que O seguem. São homens, mulheres, crianças e idosos sem oportunidades, que veem na sina do sacrifício a esperança de um mundo mais justo.

III Estação – Primeira queda no chão rachado 

O chão rachado acolhe o Mestre em seus braços e também chora por não poder oferecer nem um “mucadinho” de conforto e alento. Já são tantos sóis sem chuva, tanto pó sem um pingo d’água… 

IV Estação – O abraço de mãe

Somente uma mãe pode entender a profundidade deste momento. O coração do filho se une ao coração da mãe e sagram juntos em uma união sem fim. “Estou aqui, meu filho!”. “Eu sinto, mãe.”

V Estação – O Simão nordestino

O ato de ajudar é para os fortes de coração. O Simão nordestino, ao ver a necessidade do Mestre, deixa tudo e O ajuda no peso da cruz. O coração forte e cheio de bondade está pronto para um mundo que exclui e condena os inocentes, pronto para ajudar os injustiçados desta terra. 

VI Estação – Verônica e a imagem da dor

Ó, vós todos que passais pelo caminho,

vinde e vede se existe dor tão grande quanto a minha dor. A dor de um humano/Deus devastado pela violência dos homens.

VII Estação – Segunda queda no chão seco

O limite do humano faz com que o Mestre caia pela segunda vez. Mas o infinito do amor o faz levantar novamente e seguir a sua sina. 

VIII Estação – Jesus consola as mulheres

Ó, mulheres desta terra, não choreis por Mim, chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos, pois dias virão em que se dirá: “Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram”. Hão de, então, dizer aos montes: “Caí sobre nós” e às colinas: “Cobri-nos”. Porque, se tratam assim a madeira verde, o que acontecerá à seca?

IX Estação – Terceira queda no chão sem plantação

O cansaço assola o Mestre e o chão o abraça pela terceira vez. A maldade, que esmaga a tantos pelo mundo, esmaga as forças de Jesus, mas Ele não desiste de sua missão, levanta-se e segue em frente.

X Estação – Jesus é despojado de suas vestes

Já não possuía nada e até suas vestes são tiradas Dele, revelando sua nudez. A nudez de Jesus é a plenitude do humano que se entrega por amor aos seus.

XI Estação – Cravado na cruz

A grandiosidade da entrega não sucumbe à força das marteladas. Os sons metálicos revelam tantas mortes pela injustiça da terra. O Senhor permanece firme e em paz, porque sabe que é pelos outros a dor que sente em seu corpo.

XII Estação – Morte no sertão 

Silêncio no mundo, Jesus se entrega nos braços do Pai como filho amado que é. Pregado na cruz, Jesus desvela a plenitude do humano capaz de se entregar por amor aos outros. No madeiro da cruz, vislumbramos a eternidade do amor.

XIII Estação – Lágrimas no sertão 

A mãe chora por seu filho, morto pela injustiça de uns tantos. São lágrimas de tantas Marias que perdem seus filhos para fome, violência e discriminação. As lágrimas de tantos olhos lavam a poeira da dor e vislumbram um amanhã de paz.

IV Estação – O sepulcro 

Envolto em um lençol, o corpo do Mestre é colocado sobre o túmulo. Tudo parece perder o sentido, o coração humano se encontra como o solo rachado do sertão. Apenas a espera da chuva pode trazer esperança.  

XV Estação – Ressurreição  e a Chuva no sertão  

A pedra do sepulcro se quebrou com um forte estrondo de chuva. Tudo voltou à vida e o Mestre ressuscitou com toda sua força e beleza. Seu imenso coração de amor abre-se no peito e revela a plena dignidade do Deus feito humano. Os pobres e injustiçados são resgatados pela esperança. A chuva voltou ao Sertão.

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